As estações passam e a medida em que elas mudam de lugar, acompanho o seu ciclo infinito. Deixo-me inundar nas cinzas do inverno para florescer em vários tons de lilás vermelho-alaranjado. Ao mesmo tempo sou a folha que ressecou, caiu e passou a compor o (des)colorido tapete ao chão; o mesmo chão em que os miúdos brincam a pisar, se deliciando com as onomato(pé)ias ruidosas produzidas pelas pisadas de suas meninices. Até que percebo que sou nada, nada mais que uma gotícula de orvalho que brinca de esconder dos raios de sol. Aprendi com a primavera; a deixar-me cortar e voltar sempre inteira. (Cecília Meireles) ***imagem