De frente com Faraco
Hoje meu post é especial... Acabei de chegar de uma palestra maravilhosa do Prof. Faraco, sim ele mesmo, o cara que escreveu muitos livros nos quais costumamos ter contato durante a vida escolar. O encontro com ele foi de grande valia, pois tive a oportunidade de trocar idéias com alguém que, com certeza, influenciou a minha escolha pela educação. Em conversa, comentamos que muitas palavras que dizemos ao longo da vida deixam marcas e produzem efeitos inesperados aos nossos ouvintes. No caso dele, graças as agradáveis aplicações práticas da gramática no cotidiano sugerida em sua obra, aqui estou licenciada, apaixonada pela literatura e com o nobre objetivo de formar leitores assim como eu, amantes das belas letras. A crônica a seguir, foi comentada por ele durante a nossa conversa e expressa bem o que sinto em relação a influência do professor na vida de um aluno:
Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito – como não imaginar que,sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta.
Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidade porque senti no momento – e depois esqueci.
Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo,outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o canário não cantava.
Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven – e o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro cor de ouro?
Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente,num reino muito distante, uma princesa mito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças.
(BRAGA Rubem, 200 crônicas escolhidas.7. ed. Rio de Janeiro, Record. 1988. 247-8)
Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito – como não imaginar que,sem querer, feri alguém? Às vezes sinto, numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de mágoas. Imprudente ofício é este, de viver em voz alta.
Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidade porque senti no momento – e depois esqueci.
Tenho uma amiga que certa vez ganhou um canário, e o canário não cantava. Deram-lhe receitas para fazer o canário cantar; que falasse com ele, cantarolasse, batesse alguma coisa ao piano; que pusesse a gaiola perto quando trabalhasse em sua máquina de costura; que arranjasse para lhe fazer companhia, algum tempo,outro canário cantador; até mesmo que ligasse o rádio um pouco alto durante uma transmissão de jogo de futebol... mas o canário não cantava.
Um dia a minha amiga estava sozinha em casa, distraída, e assobiou uma pequena frase melódica de Beethoven – e o canário começou a cantar alegremente. Haveria alguma secreta ligação entre a alma do velho artista morto e o pequeno pássaro cor de ouro?
Alguma coisa que eu disse distraído – talvez palavras de algum poeta antigo – foi despertar melodias esquecidas dentro da alma de alguém. Foi como se a gente soubesse que de repente,num reino muito distante, uma princesa mito triste tivesse sorrido. E isso fizesse bem ao coração do povo; iluminasse um pouco as suas pobres choupanas e as suas remotas esperanças.
(BRAGA Rubem, 200 crônicas escolhidas.7. ed. Rio de Janeiro, Record. 1988. 247-8)
Comentários
E eu vejo isso em vc! Taaaao legal minha amiga q tem uma causa nobre ^^
Beijinhos!
Posts com conteúdo, e ela escreve tão bonito :]
Tá de parabéns flor :D
/me quer ser que nem a Debby quando crescer \o/
E muito linda essa crônica *.*
:*****
Mas então, como deveria eu dizer, essa coisa de educar tem que estar no sangue mesmo!! Não tem jeito! Como professor também, que sou, tenho que concordar que ensinar é algo extremamente gratificante quando feito devidamente!! Agora, que tem dia que dá vontade de matar uns, isso tem!! hehehe!!
Bjos, Debba!! ^^
beijos
=]