Leve como a pluma que preenche o travesseiro...
(Capítulo LXII - O Travesseiro)
Fui ter com Virgília; depressa esqueci o Quincas Borba. Virgília era o travesseiro do meu espírito, um travesseiro mole, tépido, aromático, enfronhado em cambraia e bruxelas. Era ali que ele costumava repousar de todas as sensações más, simplesmente enfadonhas, ou até dolorosas. E, bem pesadas as coisas, não era outra a razão da existência de Virgília; não podia ser. Cinco minutos bastaram para olvidar inteiramente o Quincas Borba; cinco minutos de uma contemplação mútua, com as mãos presas umas nas outras; cinco minutos e um beijo. E lá se foi a lembrança do Quincas Borba... Escrófula da vida, andrajo do passado, que me importa que existas, que molestes os olhos dos outros, se eu tenho dois palmos de um travesseiro divino, para fechar os olhos e dormir?
(Capítulo LXXIII O "luncheon")
[...] Vinho, fruta, compotas. Comíamos, é verdade, mas era um comer virgulado de palavrinhas doces, de olhares ternos, de criancices, uma infinidade desses apartes do coração, aliás o verdadeiro, o ininterrupto discurso do amor. Às vezes vinha o arrufo temperar o nímio adocicado da situação. Ela deixava-me, refugiava-se num canto do canapé, ou ia para o interior ouvir as denguices de Dona Plácida. Cinco ou dez minutos depois, reatávamos a palestra, como eu reato a narração, para desatá-la outra vez.[...]In: ASSIS, Joaquim Maria Machado. Memórias póstumas de Brás Cubas.Ciranda Cultural,2007.
E no meio de tanto realismo, ironia e acidez, eu encontrei l e v e z a!
Comentários
l - e - v - e - z - a - .
Lindo, Debby!
Bjks
;*
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Beijos!
(Escrófula tem sabor de quê?)
Ai Debby, seu blog é mt gostoso, tenho q lembrar de vir aqui mais vezes ;)